3 de abril de 2018

Resenha: Thirteen Reasons Why, de Jay Asher

Já começo está resenha dizendo que o motivo pelo qual eu me interessei em ler o livro foi por pura influência da série de TV produzida pela Netflix que foi lançada no ano passado.

Assim como a série causou um verdadeiro rebuliço nas redes sociais na época em que foi lançada, eu assisti a alguns episódios e a história realmente me prendeu, assim, eu assisti a série enquanto lia (e ouvia) o livro simultaneamente.

E CARAMBA, MEU ODIM! Hoje fico me perguntando como consegui lidar com tanta informação densa e pesada que a história carrega, mas digo que não foi fácil!

A história, de autoria do americano Jay Asher, é narrada em primeira pessoa e temos dois personagens principais, o Clay Jenson e a Hannah Baker. O livro inicia com o Clay recebendo uma caixa com algumas fitas cassetes e, ao ouvi-las, ele descobre que pertenciam à Hannah, sua amiga que há pouco tempo se suicidou – isso não é spoiler, já aparece bem no começo do primeiro capítulo – e que em cada lado das fitas, 13 lados ao todo, é dedicado à uma pessoa que a Hannah considerava como um dos motivos que a levaram a cometer suicídio, dessa forma, as fitas deveriam ser entregues a cada uma das pessoas que foi mencionada nelas respectivamente.

Ao saber disso, o Clay fica bastante nervoso, uma vez que ele recebeu as fitas significa que ele é um porquê e, definitivamente, ninguém gostaria de ser um dos motivos que levaram uma pessoa a se matar. Mas, ele ouve as fitas mesmo assim, e com isso, a narração é intercalada entre o Clay e a transcrição do que há nas fitas na voz de Hannah.

No começo ficou um pouco confuso saber de quem era a voz narrativa ali em questão, mesmo que a formatação do texto mudasse de acordo com a voz narrativa – a narração do Clay tinha a formatação padrão, enquanto a da Hannah era em itálico.

Logo, chega um momento do livro, na minha opinião, em que a presença do Clay é totalmente desnecessária, pois, a Hannah rouba toda a cena, e para lembrar ao leitor que o Clay existia, ele aparecia em momentos totalmente desnecessários, na maioria das vezes, sem absolutamente nada de importante para acrescentar à história. Isso me fez achar esse personagem super supérfluo e irritante, a única contribuição dele é nos fazer saber o conteúdo das treze fitas.

Ao ir aprofundando cada vez mais na leitura, fui descobrindo quais eram as razões que levaram Hannah a tomar tal decisão, e concordo que ela passou por várias situações difíceis.

Além de abordar uma temática séria que é o suicídio na adolescência, o autor também trabalha em seu livro questões corriqueiras que podem levar uma pessoa à depressão e, consequentemente, a cometer suicídio. Questões como bullying, baixa autoestima, críticas destrutivas e histórias maldosas/mentirosas que outras pessoas inventam, podem trazer consequências drásticas à vida de uma pessoa, isso acabou gerando uma reflexão enquanto estava lendo, além de ter feito rever algumas das minhas atitudes, uma vez que jamais saberemos o real impacto que nossas ações terão na vida de outra pessoa.

Thirteen Reasons Why é um livro denso, pesado de ser lido, a maneira em que Hannah se referia à sua própria vida nas transcrições das fitas realmente me chocou, foi um baque, um soco no estomago, pois é narrado de uma forma muito crua, sarcástica e com muita dor.

É claro que esse é apenas uma representação fictícia de como uma pessoa suicida se sente em relação à própria vida, mas mesmo assim, é impactante ver o quanto foi doloroso para ela vivenciar tudo o que passou.

13RW é um livro que causa muitas reflexões e trabalha um tema sério que tem acontecido com uma frequência absurda – pelo menos na região em que eu moro –, e a sociedade parece fechar os olhos para essa problemática, assim como para outras. Além de cutucar a ferida, o livro chama atenção para as nossas ações como indivíduos únicos e as consequências que tem nas vidas de outras pessoas, mas como também, a não banalização do tema, que é algo muito sério, e deve ser tratado como tal.

Em síntese, Thirteen Reasons Why (ou Os 13 porquês, na versão do Brasil), é recomendado para aqueles que desejam ter um conhecimento mais verossímil acerca do suicídio, em como uma pessoa que sofre bullying constantemente se sente, nos fazer ter uma noção, mesmo que breve e superficial, do que pode se passar na cabeça de uma pessoa suicida. Apesar de ser uma leitura densa, o livro traz ótimas reflexões acerca do assunto e do que permeia o tema.


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